terça-feira, 1 de novembro de 2011

Os Princípios, os Pilares, da Reforma: Penicilina para o Mundo!

Introdução
A penicilina interfere, se infiltra, mata ou inibe micro-organismos e auxilia o corpo doente a se curar.

É um procedimento padrão nos dias de hoje, principalmente quando se procura o tratamento de saúde pelo SUS. No caso de qualquer infecção, procura-se o médico que logo prescreve a boa e velha “benzetacil”. Tem explicações e motivos óbvios: esse é o tratamento mais eficaz no Brasil, a “empurro-terapia”. Mas não falemos do que implica nisso, mas do que essa benção preciosa significa, que se deve não, como se diz por ai, ao acaso, mas à divina providência. Fato que é assim que é aplicada, por “empurro-terapia”, a salvação para os pobres, a “penicilina” (penicilina é só outro nome do benzatacil), em quatro horas verifica-se a melhora.
A penicilina, aliás, é o antibiótico derivado do cogumelo do gênero Penicillium. Descoberta de modo “acidental” por Alexander Fleming (1881-1955), em 1928, ao observar que colônias de bactérias Staphylococcus aureus não cresciam em áreas contaminadas pelo mofo verde, Penicillium nonatum. Foi administrado ao homem pela primeira vez em 1941, e constitui um dos medicamentos mais utilizados contra as doenças infecciosas.
O tratamento pela penicilina se caracteriza pelo efeito de interferência, de infiltração, nos micro-organismos, matando-os ou inibindo seu metabolismo, comprometendo a sua reprodução, e permitindo ao sistema imunológico do corpo doentee combatê-los com maior eficácia.
Quando preparava este estudo me ocorreu essa ideia de comparar os princípios da Reforma: Sola Fide, Sola Gratia, Sola Scriptura, Solo Christus e Solus Deo Gloriae, os Cinco Sola, à penicilina. Salienta-se que o estabelecimento desses princípios, ou pilares, da Reforma, seguiu a pedra de toque, o principio ativo antibiótico, da justificação pela fé somente em Cristo. Mas podemos falar nos Seis Pilares da Reforma, se aos Cinco Sola incluirmos o Sacerdócio Universal dos Crentes. Todos tem o seu fator antibiótico ou pro-biótico, se preferirem, mas seguramente o principio mais ativo contido nesses Pilares da Reforma é a doutrina da justificação.
A Bíblia de Estudo de Genebra ensina que essa doutrina é “o núcleo tormentoso da Reforma”. Para Paulo era o âmago do evangelho (Rm 1:17; 3:21-5:21; Gl. 2:15-5:1), e o que dava forma à sua mensagem (At. 13:38-39) e à sua devoção (2 Co 5.13-21; Fp 3:4-14). Pode assim ser definida:
“O ato de Deus pelo qual ele perdoa pecadores e os aceita como justos por causa de Cristo. Por esse ato, Deus endireita permanentemente o anterior relacionamento alienado que os pecadores tinham com ele. Essa sentença justificadora é a concessão por Deus de um status de aceitação de pecadores por causa de Jesus Cristo (2 Co 5:21)”
A Confissão de Fé de Westminster ensina que a doutrina da justificação traz-nos o conhecimento de que
Capitulo 11 – Da Justificação
V. Deus continua a perdoar os pecados dos que são justificados. Embora eles nunca poderão decair do estado de justificação, poderão, contudo, incorrer no paternal desagrado de Deus. e ficar privados da luz do seu rosto, até que se humilhem, confessem os seus pecados, peçam perdão e renovem a sua fé e o seu arrependimento.
Ref. Mat. 6:12; I João 1:7, 9, e 2:1-2; Luc. 22:32; João 10:28; Sal. 89:31-33; e 32:5.
Se há um diagnostico sombrio a fazer é que o pecado, como o Staphylococcus aureus tem se instalado na humanidade e tem infectado todas estrutura social, já dizia o Profeta Isaias,
“Ai desta nação pecaminosa, povo carregado de iniqüidade, raça de malignos, filhos corruptores! Abandonaram o Senhor; blasfemaram do Santo de Israel e voltaram para trás. Por que haveis ainda de ser feridos?
A cabeça toda está doente, todo o coração enfermo. Desde a planta do pé ate à cabeça não há nada são; senão feridas e contusões e chagas inflamadas (tumores aureus, purulentos) uma e outras não espremidas, não atadas (ferimentos abertos, que não foram limpos nem enfaixados) nem amolecidas (nem tratados) com óleo (azeite).
A vossa terra está assolada (devastada),.. ‘Só restou a cidade de Sião como tenda numa vinha, como abrigo numa plantação de melões, como uma cidade sitiada’. (Versão ARA, exceto parte final da Versão Sociedade Bíblica Britânica).
Isaías 1:4-8
Mas se há palavra boa para trazer diante desse quadro, é:
“justificados pois mediante a fé, temos paz com Deus por meio de nosso Senhor Jesus Cristo” – Rm 5:1;“... nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus”.
Hoje é dia de lembrarmos que “É evidente que, pelas obras da lei, ninguém é justificado diante de Deus, porque o ‘justo viverá pela fé’” – Gl 3:11 e “ninguém será justificado diante dele por obras da lei”, por que “em razão da lei” só vê vem o conhecimento do pecado” – Rm 3:20.

1. Fatores desencadeadores da Reforma
A infecção traz o estado de coisas que se define como urgente: é tratamento ou a morte! Os fatores que desencadearam a Reforma eram sintomáticos, o crescente desprestígio da igreja do Ocidente, mais interessada, nos séculos XIV e XV, no próprio enriquecimento material do que na orientação espiritual dos fiéis; a progressiva secularização da vida social, imposta pelo humanismo renascentista; e a ignorância e o relaxamento moral do baixo clero, mas logo se detecta que o problema foi a ausência da doutrina da justificação pela fé, provocada pelo abandono das Escrituras e o desprezo pelo papel de Cristo na mediação entre Deus e os pecadores, e a inversão da glória ao homem que deveria ser dada a Deus.
A Reforma, pois, foi o movimento que ao longo do século XVI e, ultrapassando questões disciplinares, deixou à mostra problemas doutrinários de transcendência vital para o cristianismo. As profundas divergências levaram à cisão de algumas igrejas que foram chamadas, de forma global, de protestantes.

2. Antecedentes da Reforma.
Nas últimas décadas da Idade Média, a igreja ocidental viveu um período de decadência que favoreceu o desenvolvimento do grande cisma do Ocidente, registrado entre 1378 e 1417, e que teve entre suas principais causas a transferência da sede papal para a cidade francesa de Avignon e a eleição simultânea de dois e até de três pontífices. Talvez esse tenha sito o ponto que mais denunciava a possibilidade de uma septicemia.
O estado era triste, as partes boas da Igreja, não purulentas, lembrando a contaminação pelo Staphylococcus aureus, aureus aqui lembra o amarelo, o dourado da excreção que a infecção provoca, eram poucas situadas nas comunidades isoladas e nos mosteiros aonde alguns santos tinha contato com a Palavra de Deus. Sião estava muito distante da realidade da Igreja.
A esse estado se segue um período febril que começa com o surgimento do "conciliarismo" -- doutrina decorrente do cisma, que subordinava a autoridade do papa à comunidade dos fiéis representada pelo concílio -- bem como o nepotismo e a imoralidade de alguns pontífices demonstraram a necessidade de uma reforma radical no seio da igreja.
Aqui vale destacar o quanto tem de simbólico o fato de que o início da Reforma protestante, com a proclamação das 95 teses de Martinho Lutero em 31 de outubro de 1517, em Wittenberg, Alemanha, tenha sido precipitado pela chegada dos legados papais que anunciavam uma indulgência em troca da doação em dinheiro para a construção da Basílica de São Pedro, em Roma.
Por outro lado, é bem verdade, já haviam surgido no interior da igreja movimentos reformistas que pregavam uma vida cristã mais consentânea com o Evangelho. No século XIII surgiram as ordens mendicantes, com a figura notável de Francisco de Assis. Nos séculos XIV e XV destacaram-se como pregadores Vicente Ferrer, Bernardino de Siena e João Capistrano. Além disso, no século XV registrou-se uma renovação da piedade popular, com um acentuado sentimentalismo em torno das dores da paixão de Cristo. As pessoas sentindo suas chagas como as próprias de Cristo. Vem daí as imagem estampada nos crucifixos!
Outros movimentos reformistas “febris” surgiram em aberta oposição à hierarquia eclesiástica. Já no século XII, os valdenses, conhecidos como "os pobres de Lyon" ou "os pobres de Cristo", questionaram a autoridade eclesiástica, o purgatório e as indulgências. Os cátaros ou albigenses defenderam nos séculos XII e XIII um ascetismo exacerbado e caíram no maniqueísmo, considerando a si mesmos os únicos puros e perfeitos. No século XIV, na Inglaterra, John Wycliffe defendeu idéias que seriam reconhecidas pelo movimento protestante, como a posse do mundo por Deus, a secularização dos bens eclesiásticos, o fortalecimento do poder temporal do rei como vigário de Cristo e a negação da presença corpórea de Cristo na eucaristia. As idéias de Wycliffe exerceram influência sobre o reformador tcheco João Huss e seus seguidores no território da Boêmia, os hussitas e os taboritas, nos séculos XIV e XV.
Em posição intermediária entre a fidelidade e a crítica à igreja romana situou-se Erasmo de Rotterdam. Seu profundo humanismo, conciliatório e radicalmente oposto à violência, embora não isento de ambigüidade, levou-o a dar passos importantes em direção à Reforma, como a tradução latina do Novo Testamento, afastando-se da versão oficial da Vulgata; ou a sátira contra o papa Júlio II, de 1513. Ante a insistência de Lutero para que se definisse em relação às teses dos reformadores, Erasmo fez a defesa da liberdade humana em seu tratado sobre o livre arbítrio, de 1524, contestado por Lutero em seu tratado sobre o arbítrio escravizado. As ponderadas ideias reformistas de Erasmo não se ligaram a nenhum movimento popular ou político nem foram acolhidas pelos intelectuais, que poderiam tê-las compreendido.

3. A Reforma protestante, os Cinco Sola ou Seis Pilares.
Iniciada por Lutero com seu desafio aos legados papais e à sua excomunhão, a Reforma protestante não se desenvolveu em uma só direção: foram diversos os grupos que percorreram caminhos paralelos e irreconciliáveis, embora unidos por sua oposição à doutrina e à disciplina da igreja romana e por sua luta política e militar contra o papa ou o imperador.
Assim como a penicilina quando injetada num organismo ela provoca uma reação aonde houver o quadro infeccioso.
A febre foi sentida em Martinho Lutero, monge agostiniano. Sua experiência pessoal, baseada em seu estudo da epístola de Paulo aos Romanos, pelo qual a salvação de Deus se comunicava pela fé e não por meio das obras, que decorrem da natureza humana corrompida pelo pecado original, fez com se redescobrisse a doutrina da justificação pela fé.
Dessa concepção fundamental - "só a fé" – deduziu-se aos poucos, segundo as controvérsias ou as circunstâncias políticas, o conjunto do pensamento luterano e reformado. A excomunhão por parte de Roma e a proteção que lhe dispensaram alguns príncipes alemães impeliram Lutero à ruptura. Mas foi a desqualificação da autoridade do papa avalizou outro grande princípio da Reforma -- "só a Escritura" -- que proclamava a Bíblia, interpretada individualmente à luz do Espírito Santo, como única fonte de autoridade na comunidade cristã.
Seguindo a Escritura, I Tm 2:5, a mediação da Igreja, dos santos, dos sacerdotes, foi questionada e desprezada (inoculada). Os Reformadores firmaram o principio de que “somente Cristo” é o Cabeça da Igreja, o seu Salvador: o que único que morreu e ressuscitou pelos crentes.
Na verdade quem salva é Deus por que Ele usa de sua soberana misericórdia para conosco pecadores, sem ver nenhum mérito em nos, o que baliza o principio de “somente a graça”: somente pela graça, pelo livre oferecimento do dom da fé em Cristo é que somos salvos. E por que “pela graça sois salvos mediante a fé”, a Deus somente seja toda a glória! Fica avalizado o somente glória a Deus. Eis os cinco sola!
A partir desses cinco sola um sexto pilar foi erguido. O do sacerdócio universal dos crentes, ou dos santos, a doutrina que ensina que todos os crentes estão em condições de igualdade perante Deus. Como redimidos podemos nos achegar ao Seu Trono de Graça e obter todas as bênçãos de Deus, tanto para si mesmo, como para a sua família e para todos os que precisarem, seja por meio da pregação ou da intercessão a Deus por meio de súplicas e oração pela salvação dos povos. Por que fomos justificados pela fé, nunca mais, nenhuma maldição, será, sob quaisquer circunstâncias, lançada sobre o crente por isso há firme o seu status de sacerdote. Conseqüências da Reforma
O efeito da Reforma, da aplicação desses princípios foi mesmo avassaladoramente antibiótico. Senão vejamos.
Em 1525, Zwinglio fundou em Zurique uma teocracia que se estendeu a Berna, Basiléia e Estrasburgo. Sua doutrina teológica radicalizou-se mais que a de Lutero, especialmente ao negar a presença de Cristo na Eucaristia. Sua igreja avançou tanto na Reforma que foi excluída da aliança evangélica de Gotha em 1526, e só readmitida após sua morte, na concórdia de Wittenberg, em 1536.
Os anabatistas, assim chamados por defenderem um novo batismo para os adultos, já que crianças não poderiam receber a graça que só se transmite pela fé, eram vinculados às doutrinas de Zwinglio, embora, mais revolucionários, exigissem uma observância mais radical dos ensinamentos da Bíblia. No campo social, rechaçaram a violência, proclamaram a separação entre a igreja e o estado e criaram comunidades livres. As repercussões políticas dos novos grupos, que conquistaram adesões maciças em algumas cidades, provocaram a união dos católicos e dos reformadores, que se aliaram para tomar de assalto seu centro na cidade de Münster, castigando severamente seus dirigentes.
João Calvino, teólogo francês, refugiou-se em Basiléia e depois em Genebra devido a suas idéias reformistas. Publicou em 1535 Christianae religionis institutio (Instituições da religião cristã), que se tornou o primeiro “catecismo”, ou tratado de teologia básica da Reforma. Sua tentativa de unificar os diversos grupos protestantes atraiu importantes seguidores de Zwinglio, mas consumou a separação com os luteranos. A doutrina da dupla predestinação, a severa disciplina imposta em sua concepção teocrática da cidade-igreja e o governo presbiteral das igrejas constituíram de fato o que se chamou de “segunda Reforma”.
Na Inglaterra, a mudança da igreja teve uma origem fundamentalmente política, logo aproveitada para uma Reforma religiosa. Henrique VIII, irritado pela negativa do papa Clemente VII em lhe conceder o divórcio, conseguiu em 1531 que o Parlamento inglês aprovasse a subordinação da igreja à coroa. O monarca acentuou sua exigência política em relação à igreja nos anos que se seguiram, até culminar no cisma anglicano em 1534. À separação política seguiu-se uma reforma doutrinária e litúrgica. A obra mais destacada na fase inglesa da Reforma foi o Common Prayer Book (Livro da prece pública).
Na Escócia, predominou o presbiterianismo introduzido por John Knox, que havia participado da Reforma em Genebra junto a Calvino. Da Escócia, o presbiterianismo foi para a Inglaterra, da Inglaterra para os Estados Unidos e destes para o Brasil.

4. A palavra boa e fiel da Reforma e a Salvação, a penicilina para os povos.
A Reforma Protestante foi um dos acontecimentos mais marcantes em toda a história da humanidade, não há outro que rivalize em termos de impacto e a abrangência mundial. Não há acontecimento da nossa história que se possa comparar a esse em termos de durabilidade, permanência e continuidade ou expansão.
A Reforma atraiu para si o anseio do povo por salvação, consagração, vida plena, por cura. Contrariando previsões pessimistas, em relação às contra-indicações, de que a liberdade apregoada pelos reformadores redundasse no seio da sociedade em libertinagem, devassidão e imoralidade sem controles, as multidões aderiram à Reforma.
Irmãos, se hoje perguntarmos para o povão, qual seu anseio de suas vidas, dirá, “Além da saúde, que está em primeiro lugar, e que é um dom, um presente de Deus, eu quero comida, casa, roupa lavada e um dinheirinho para sair por ai”.
O anseio dos povos está em Provérbios 10:22: “A benção do Senhor enriquece e, com ela não traz desgosto” (ARA). Outra versão diz “a benção do Senhor enriquece e não acrescenta dores” (ARC). Mas há uma versão da Bíblia, e justamente uma versão católica, a Bíblia de Jerusalém – BJ diz, “É a benção de Yhaweh que enriquece, e nada ajuda a fadiga”.
Tudo o que os povos mais desejam é a benção de Deus, a benção que Deus outorgou a Abraão e a ele veio com a promessa de que “em ti serão benditas todas as famílias da terra” ou “por ti serão benditos todos os clãs da terra” - BJ.
A solução não está em se fatigar para conseguir comida, roupa lavada e algum tempo livre, para o exercício da liberdade de ir e vir. Com o trabalho, com a fadiga diária, se alcança relativamente tudo. Mas e a saúde? Não se trata aqui de reduzir a salvação à recuperação da saúde física. Não é disso que se trata. Mas o fato é que a saúde plena tem tudo a ver com a salvação.
Saúde e salvação são termos derivados das palavras gregas “soter”, “soteria” e das latinas “salus”, “salvus”, que evocam o termo hebraico “shallon”. Todo mundo tem pouca ou muita saúde, mas todo mundo está espiritualmente doente e precisa desesperadamente de recuperar a saúde e depois dela recuperada, mantê-la. A salvação é cura. Mas também essa cura abrange resgate, libertação, redenção de uma condição infeliz ou imperfeita, que incomoda, humilha, desanima, compromete.
A ideia que gostaria de transmitir esta manhã é a de que quem é salvo, curado, sadio, andou carecendo, necessitando, urgindo, do verdadeiro bem estar. Disse Jesus: “Deixo-vos a minha paz”, a minha shallon, a minha saúde, “vos dou; não vo-la dou como dá o mundo. Não se turbe o vosso coração, nem se atemorize”. – Jo 14:27.
Interessante que no inicio se falou de bactéria que ataca. Mas a verdade é que ela ataca e prevalece no corpo com o sistema imunológico fraco, debilitado... Não fosse a penicilina... Não fosse a providência de Deus para a cura! Por essa ideia que hoje se transmite, Apocalipse 22:1-5 diz que para o justificado de Deus há uma perspectiva de futuro gloriosa:
“Então me mostrou o rio da água da vida, brilhante como cristal, que sai do trono de Deus e do Cordeiro. No meio da sua praça, de uma e de outra margem do rio, está a árvore da vida, que produz doze frutos, dando seu fruto de mês em mês; e as folhas da árvore são para a cura dos povos. Nunca mais haverá qualquer maldição. Nela estará o trono de Deus e do Cordeiro, e os seus servos o servirão, contemplarão a sua face; e na sua fronte está o nome dele. Então, já não haverá noite, nem precisarão eles de luz de candeia, nem da luz do sol, porque o Senhor Deus brilhará sobre eles, e reinarão pelos séculos dos séculos”.
A nossa religião cristã, aponta para essa arvore da vida, oferece essas folhas retiradas dessa arvore para a cura dos povos. Essa nossa religião é de salvação. Ela dá o diagnóstico da condição humana, doente, mais do que moribunda, no dizer do Apóstolo Paulo, a humanidade vem ao mundo num estado descrito como de “mortos em seus pecados e delitos” – Ef 2:5 e aponta o caminho para a vida em Cristo Jesus, o caminho para a saúde, a saúde integral quando em comunhão com Deus.
Se Paulo estivesse entre nós quem sabe não expressaria nos termos que é total a degeneração humana, o quadro é de septicemia. Mas a salvação trazida pela justificação pela fé em Cristo Jesus traz essa salvação que tira o homem de estado de fraqueza, o desperta e o desprende e lhe dá a liberdade verdadeira aquela de que se diz “se o filho vos libertar verdadeiramente sereis livres” – Jo 8:36. “Para a liberdade foi que Cristo nos libertou... Gl 5:1a.
Mas diz ainda Paulo para os gálatas “Permanecei, pois, firmes e não vos submetais de novo a jugo de escravidão” Gl 5:1b.
Palavra boa da Reforma. Consagração, santificação tem a ver com a manutenção de nossa saúde, da nossa salvação.
A Reforma veio representar uma nova perspectiva: saúde conservada, vida consagrada, com liberdade que rompe com o pecado, a raiz de todo mal: cobiça, luxúria, egoísmo, avareza, formalismo, legalismo, mas principalmente, com a ignorância, superstição, obscurantismo isso realizado em nível pessoal, intimo, individual. É importante marcar que a Reforma partiu da experiência individual de Martinho Lutero e de outros contemporâneos ou sucessores dele e mesmo de seus antecessores, todos testemunhando a experiência real do que Deus fez em suas vidas. A Reforma não é movimento que ficou na teoria, no academicismo, nas fórmulas pré-elaboradas que servem antes de comunicar, às disputas teológicas, e às divisões que levam a Reforma á redutos de sectarismo e exclusivismo, de linguagem castiça. A Reforma foi movida por Cristo, enquanto quem comanda o “Espírito que dá vida”!
A Reforma também foi um movimento que do individuo contaminou a sociedade. É importante lembrar o êxito da pregação de Lutero. Aceita pelos príncipes alemães dos principados do leste e do norte da Alemanha e seus aliados. Disseminada nas terras dominadas pelo imperador espanhol a serviço de Roma, e nas outras habitadas por povos amantes da democracia e da liberdade. Isso fez surgir enorme força política em confronto direto com o domínio papal, domínio político conservador, que transcendeu em muito à mera refrega entre igrejas. E a ameaça e o ataque, e por fim a vitória, frente a esse domínio não representaram apenas outra vertente política e religiosa, mas uma nova área de influência cultural. O mundo viu nascer poderosa força “antibiótica” que em sua esteira viu surgiu pontos de pregação em casas de famílias, casas de oração e louvor, novos templos e velhos templos reformados, adaptados aos novos tempos, trazendo em seu entorno seminários, bibliotecas, escolas e universidades. Tudo isso visando trazer a cura de Deus por meio de nosso Senhor Jesus Cristo que nos salvou quando nos libertou do domínio do pecado, nos regenerou e vivificou, através da nossa união com Cristo na sua morte e ressurreição (Rm 6:3-11)
Não podemos, devido à escassez do tempo, abordar tudo o que a Reforma gerou em termos de reforma social. Nesse campo mereceria até que discutíssemos o assunto mais profendamente. Somente deixo a afirmação para que vocês reflitam. Após a Reforma o avanço da ciência, uma realidade desde o humanismo, incrementou-se, aumentou de modo desmedido. As demandas sociais, as reivindicações do povo livre, no sentido de ser representado, de conquistar seus direitos, algo que começou ainda na igreja de Roma, com o conciliarismo, dois ou três séculos antes, tomou forma na igreja, ganhou a rua e secularizou. E depois veio até a emancipação da mulher. Vieram também coisas ruins, que trouxeram etiqueta de “modernismos”, mas passiveis de ser debeladas com o nosso “antibiótico”. Não há nada a temer, não há que possa com o “benzetacil” da Reforma.
Podemos arrematar o assunto assim tocado bem de leve, dizendo que sem a Reforma Luterana, com a ascensão dos povos, alemão, francês, suíço, dos nórdicos, sobre o antigo império romano talvez se levaria muito mais tempo para se ter o Iluminismo, a Revolução Francesa, os partidos políticos de direita e de esquerda, liberais e conservadores, reforma agrária, democracia, socialismo, capitalismo e o mundo hoje ainda seria bem mais difícil de se viver. Talvez ainda hoje a novidade do Evangelho ainda se restringiria aos mosteiros e as sociedades de amigos da vida comum.

Conclusão
Certo é que uma coisa foi encadeando outra. Como se disse, a Reforma começou na Alemanha se espalhou por toda a Europa, alcançou a Inglaterra, Escócia e do que hoje é o Reino Unido veio para os EUA e acabou por aportar-se no Brasil por força do Movimento Missionário que trouxe da América do Norte o Rev Ashbel Green Simonton, e em sua mala o projeto de implantação de uma igreja presbiteriana no Brasil.
Então podemos dizer que foi em meio de turbulências que surge esse Movimento Missionário que visou levar a experiência da Reforma, a experiência da salvação aos povos mantidos na escravidão da “idolatria” e do “paganismo”. Foi assim que a Reforma chegou até nós. Como uma Reforma viva e vibrante. Uma Reforma renovadora, que traz cura. A reforma antibiótica.
Tanto é assim que esta igreja local existe por causa da Reforma. Por causa da Reforma, tanto no sentido de que é fruto desse encadeamento de eventos, desse mover de Deus na história, dessa atuação do Espirito de Deus, quanto tem por fim “ensinar os fiéis a guardar a doutrina e prática das Escrituras do Antigo e Novo Testamentos, na sua pureza e integridade, bem como promover a aplicação dos princípios de fraternidade cristã e o crescimento de seus membros na graça e no conhecimento de Nosso Senhor Jesus Cristo”.
Reparem bem que estou citando aqui o art. 2º da CI/IPB e se vocês percebem essa expressão está entre aspas. O que isso significa? Que é uma citação de uma histórica declaração de objetivo adotado pelos missionários que aqui aportaram. De onde isso vem? Vem de muito longe, no espaço e no tempo. Mas esse é o objetivo da Reforma. Não fosse esse evento, talvez não estivéssemos reunidos aqui para cumprir o objetivo da nossa igreja, ou seja, Art.2º da CI/IPB:
“A Igreja Presbiteriana do Brasil tem por fim prestar culto a Deus, em espírito e verdade, pregar o Evangelho, batizar os conversos, seus filhos e menores sob sua guarda e “ensinar os fiéis a guardar a doutrina e prática das Escrituras do Antigo e Novo Testamentos, na sua pureza e integridade, bem como promover a aplicação dos princípios de fraternidade cristã e o crescimento de seus membros na graça e no conhecimento de Nosso Senhor Jesus Cristo”.
Os cinco sola, os seis pilares, que abordaremos aqui tem a ver com esse objetivo. É a partir do conhecimento da Reforma da explicitação dos seus princípios que se começa a “guarda e a prática” das Escrituras, “na sua pureza e integridade”, que se constrói a base para a “fraternidade cristã e o crescimento... na graça e no conhecimento de Nosso Senhor Jesus Cristo. Isso representa vida!
E a você que entrou aqui na expectativa de ouvir uma boa palavra é essa que deixo e que tem feito toda a diferença em minha vida:
- “Justificados pois mediante a fé, temos paz com Deus por meio de nosso Senhor Jesus Cristo” – Rm 5:1;
- “... nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus”.

Reflita nessas palavras e examine a sua própria condição de vida e tenha um proveito dessa penicilina dos povos!

Brasília, 30 de outubro de 2011
Palestra dada na Terceira Igreja Presbiteriana de Ceilândia.
Anamim Lopes da Silva.